sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A vida imita a arte e vice e versa: Futebol

(Fiz esse texto logo após o fim da copa de 2014 desse ano, é sobre futebol mas também sobre paixão, magia, fé, sentimento e explosão..)

   A copa esteve aqui e acabou. Vexames a parte, com a bola rolando jogos extraordinários aconteceram e dentro de campo foi inegavelmente uma excelente copa. Agora voltará o Brasileirão e a maioria dos que acompanham ou voltarão a reclamar do seu time ou, aqueles que estão com um time bem formado, reclamaram da qualidade de certos jogos, já que é também inegável que a qualidade do campeonato caiu. E não foi pouco.

   A Copa deixa como herança para os futebolistas do país um alerta e um fato, comprovado em um jogo por 7 partes: o futebol moderno se faz com conjunto, organização e preparo, e nesses quesitos nossa seleção precisa de uma renovação. Lutamos com o que tínhamos, vontade e fé, e embora desde o começo isso se mostrasse bem no limite do suficiente, o que poderia ser preocupante, nosso coração de torcedor como sempre acreditava que bastaria para terminar a copa no ponto mais alto, talvez com a ajuda do peso na camisa e a sorte que ele encaminha. Não bastou.

   O Brasileirão foi a escola desse lema, onde erguiam-se os pobres jogadores oprimidos nas brincadeiras de comentaristas com a falta de técnica de tal para a glória do gol decisivo, a artilharia suada ou a atuação coroada pela raça onde faltava habilidade. Vontade e fé. Raça que coloca na cara do torcedor um sorriso maior do que o que muitos habilidosos escudeiros consegue, talvez por beirar ao riso de alegria incrédula de ver aquele personagem que era improvável ou mesmo um jogador "ruim" garantir ao time aquilo que ele precisava.

   O futebol contemporâneo cada vez diminui isso. Cada vez mais os times, pelo menos os estrangeiros, até agora, treinam os fundamentos básicos e o jogo em equipe, a valorização da posse de bola dentre outros conceitos estrategicamente lógicos. Alguns dirão que eu me oponho a essa evolução do futebol, mas não é isso, quero eu mais do que muitos que o esporte evolua cada vez mais, tornando-se com o tempo mais competitivo e universal do que já é. Só não gostaria eu de ver essa fé ilógica que desce das arquibancadas e cria energia também ilógica nos pés de um dos 11 aos 45 do segundo tempo de um jogo que parecia perdido acabe. Que a raça que faz o mais folclórico dos jogadores se consagrar não morra. Que se os times que antes com essa organização eram pouca coisa ou quase nada, tiverem que decidir um jogo, que ele não seja decidido por um lance de sorte ou por um aproveitamento um pouco superior mas justamente por essa vontade.

   Afinal, é um pouco disso que faz o futebol se tornar algo mais mágico e menos real do que somente vinte e dois homens correndo atrás de uma bola. A bonita jogada seguida de gol será sempre bem vinda, mas não causará tanto furor quanto a entrega de quem nos olhos reflete a garra da corrida para a redonda que termina em carrinho para dentro das redes, do inalcançável gol chorado e sofrido do menos esperado guerreiro. "O futebol é a metáfora da vida". 

João Carlos

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