segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Ladies, Women and Girls! - O Feminismo no Rock N` Roll (parte I)

   Depois de algum tempo sem postar devido a escola, carnaval e etecéteras, resolvi escrever sobre um movimento que considero muito importante seja em sentido musical seja em conteúdo político. É meio complicado falar sobre as Riot Grrrl sem acabar sendo clubista, afinal como acabei de falar é um movimento de bandas que tem uma posição política bem definida (que o título dessa postagem já entrega de bandeja) e que eu acho totalmente valido.

   Bom, a intenção disso aqui não é convencer ninguém de que essa é uma corrente que vale a pena ( é só que o blog é meu e posto o que quiser, simples assim), mas eu só espero realmente que não tenha ainda gente que discordando de certa vertente extrema do feminismo ou não, não entenda que o principio básico dele é a igualdade de gêneros e a valorização da mulher ( que é algo diferente da desvalorização do homem) e que isso é algo necessário. Se você ainda não vê isso, paciência, elas ainda vão estar ai fora chutando algumas bundas.


 
   Então, não tem como começar a falar de mulheres dominando o rock sem começar pelas The Runaways, elas são as "mães" de todas que vieram depois, as primeiras e possivelmente as mais famosas. Tudo começou em Los Angeles, da cabeça de Joan Jett (ela mesma) que queria formar uma banda só de garotas e assim conheceu Kim Fowley que aderiu a ideia, chamando pro conjunto a baterista Sandy West. Recrutaram a baixista Micki Steele e a compositora Kari Krome e ao final de 75 estava formada as Runaways. Depois a banda cresceu com a entrada da guitarrista solo Lita Ford e da cantora Cherrie Currie, e Steele deixou a banda sendo substituida por Jackie Fox.

   Já começaram quebrando a banca, tocando algo que se aproximava de Hard Rock e Punk, Cherry Bomb marcou por sua letra irreverente e considerada indecente. O impacto delas logo no primeiro álbum foi incrível e boa parte da critica como já esperado não levou a serio ou arranjou algum motivo pra criticar, mas quem liga?

 
   Depois disso varias outras mulheres que fizeram parte da historia da musica punk admitiram que elas deram forças e coragem para que outras bandas desse tipo começassem. Claro que antes já tinham existido mulheres icônicas no rock como as fantásticas Grace Slick e Janis Joplin, a jovem punk Poly Styrene do X-Ray Spex, a rainha do punk Patti Smith, a nossa musa brasileira Rita Lee e até uma banda só formada por mulheres que não teve muito sucesso chamada The Shaggs, mas o estilo agressivo das Runaways e fora dos padrões era até então único para um grupo de mulheres.

   A banda acabou no fim da década de 70 devia a problemas externos e internos (troca constante de membros e problema de identidade com o estilo da banda) e a década de 80 seguiu em geral meio capenga em relação a bandas que tivessem propostas parecidas a elas, não por conta de opressão ou algo do tipo mas a música tomava outros rumos com a popularização da música disco e do new wave. Estaria o punk morrendo e com ele a ação libertária feminina na música?! (Confira no próximo episódio) (Ta, parei)

   Entretanto, não podemos esquecer de algumas mulheres importantes dessa década por seu talento e postura, menção honrosa para as baixistas Kim Deal e Kim Gordon, do Pixies e do Sonic Youth respectivamente.

   Agora no inicio da década de 90 que as coisas esquentaram.O termo Riot Grrrl surgiu quando Allison Wolfe, da banda feminina Bratmobile, resolveu produzir uma fanzine (abreviação fanatic magazine pra quem não sabe, basicamente uma revista independente) em que se rebelava contra um machismo que dizia que garotas não sabiam tocar tão bem quanto homens. a partir dessa revista e da banda a qual a autora fazia parte e da banda também percursora do movimento Bikini Kill, surgia em Olympia, Washington, o movimento feminista dentro do rock.

   Elas pegaram os conceitos punks já existentes e juntaram com o feminismo: pra resumir elas eram porra loucas pra caralho e tavam cagando pra quem não estivesse com elas. Não faziam questão nenhuma de serem mostradas como bonitinhas ou comportadas, algumas se vestiam como homem, colocavam penteados diferentes ou raspavam a cabeça, usavam roupas masculinas e pregavam a liberdade sexual.

   Nos shows da Bikini Kill elas frequentemente mandavam os boyzinhos pras filas mais de trás pra dar as garotas melhores lugares para assistir aos shows, distribuíam panfletos com as letras em prol do feminismo. Kathleen Hanna usualmente também pintava o próprio corpo numa pratica muito comum hoje em protestos dessa ideologia, com palavras como SLUT (vagabunda) ou BITCH (puta).

   O movimento teve algumas bandas até aderindo ao seu som aquele tal de grunge que tava explodindo e até virou febre em outros países. (Aquela banda lá que invadiu uma igreja na Russia e foi presa, sabe? Pussy Riot, acho que nem preciso dizer nada) Bandas como Babes in Toyland, Le tigre, The Gits, as loiras do L7, 7 Year Bitch fizeram ele ser o que era. Hoje em dia tem várias bandas desse naipe espalhadas por ai, e quem anda na linha de frente são as americanas do Sleater-Kinney. ( <3 )

   No Brasil até surgiram bandas assim, geralmente voltadas pra algo mais hardcore, e usualmente com nomes muitos doidos como Menstruação Anarkika ou Kaos Klitoriano mas sendo sincero o som delas nunca me agradou muito e acho que tem como melhorar isso aí. Se você é feminista e música não sei o que ta esperando pra encontrar outras como você fazer uma banda, se você é só música ler um pouco sobre feminismo não faz mal a ninguém e se você é só feminista e não toca nada (ou quase nada rs) o punk é baseado na politica de "faça você mesmo"então tome coragem, pegue uma guitarra, um baixo ou uma bateria e imponha respeito. ;)

Ósculos
e amplexos,
João
 

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