domingo, 14 de setembro de 2014

O Jazz Alternativo do Morphine

No começo da década de 90, um carinha bem fechado chamado Mark Sandman que era guitarrista e vocal de uma banda de blues e alternativo chamada Treat Her Right teve uma ideia brilhante, juntar jazz com elementos de musica alternativa e ver no que dava. Assim se formava o Morphine: o Sandman cantando e tocando um baixo que só tinha duas cordas de violoncelo (pra voce ver como os caras eram alternativos), Dana Colley no sax (Dana é um homem, ok?) e Billy Conway na bateria.. não, não esqueci do guitarrista, só não tinha mesmo, sem guitarras. ('-').

Em 1993 eles lançaram seu primeiro álbum chamado Good (criatividade passou longe rs), a arte de capa é bem maneira, uma pintura de uma borboleta sobre uma flor. Ele foi bem visto pela critica e apesar de não conquistar um grande publico foi o suficiente para deixar a banda dar continuidade ao seu trabalho.

A primeira vez que ouvi achei o álbum meio vago, não tava acostumado com aquele minimalismo e já tinha escutado o segundo da banda que é pra mim o auge dos caras, enxergo um pouco de trip rock no clima dele, destaque pra mais efusiva: "Have a Lucky Day" e pros solos do Dana em "You Look Like Rain" e "Lisa" e pros climas bem bluesy de "I Know You" e "The Only One".

Agora ainda em 93 os filhas da mãe botaram pra fuder lançando logo um segundo álbum que eu gosto muito, o Cure for Pain, cara que álbum!

Abre-se com Dawna, um synth de leve no fundo e um sax fazendo clima leve, dura menos de 1 minuto mas passa a impressão de que o álbum vai ser algo meio espacial...ai entra Buena e voce percebe que não tem nada haver! Totalmente efusiva, com um sax matador, a voz do Mark se encaixa perfeitamente com o clima, minha favorita deles.

I'm Free Now volta com um clima um pouco mais leve, e depois All Wrong com um riff viciante e UM SOLO DE SAX COM WAH WAH, que efeito musical pode superar um sax com wah wah???? (Confira no proximo episódio hue). O album segue com um clima bem definido com a exceção de In Spite of Me que tem um ukulele e um vocal que me lembra muito os climas loucos do Spiritualized. Thursday é mais energetica e suja e a música que da o nome ao album é o que podemos chamar de balada (mas do estilo do Morphine).

É impressionante como eles conseguem dar um clima meio country Mary Won't You Call My Name somente pela bateria (imagino um bandolim perfeitamente ali) e algo meio latino como mambo a Let's Take a Trip Together sem uma guitarra e sem perder a essência da coisa claro. O álbum fecha com um violão do velho oeste que anuncia a morte de Miles Davis (Miles' Davis Funeral).

Eu conheci o Morphine  já faz um tempinho por meio de uma amiga chamada Nina Stamato que manja bastante de bandas alternativas ( vlw Nina ^^). O que acho mais daora nesses caras é que eles não tem um instrumento que coloque harmonia e isso que era pra ser uma limitação, só expande os horizontes de possibilidades, ta certo que as músicas geralmente são bem guiadas pelo riff do baixo mas os solos de sax são explorados em escalas diversas sem fugir do contexto da música. O final da banda foi triste e folclórico e se deu em 99 quando Sandman teve um ataque cardíaco em pleno palco, em um show na Itália.

O Cure for Pain soa como o subúrbio, a contracultura dos guetos da América. Consigo imaginar perfeitamente o Morphine tocando de tarde nas ruas sujas do Harley e de noite nos bares underground para céticos, bêbados e poetas, e até mesmo para as pessoas "normais", para relaxa-los e dar a eles uma especie de luxo sutil.

Abs
João Carlos

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